sábado, 25 de janeiro de 2020

Origem e queda de Lucifer

Na história do Universo nunca houve – nem haverá – traição maior. A criatura que representava a mais magnificente obra de seu Criador ressentiu-se de que sua glória era apenas emprestada, de que o papel que lhe estava destinado era o de tão somente refletir a infinita majestade do Deus que lhe deu o fôlego da vida. Dessa maneira, nasceu no coração de Lúcifer – e, em última análise, no recém-criado universo moral – o desprezível impulso da rebelião. Esse impulso originou a insurreição angélica que foi a mais terrível sedição na história em todos os tempos.

Uma questão preliminar

Por mais importante e original que tenha sido essa rebelião angélica, as Escrituras não incluem um registro específico do evento. No Antigo Testamento, Satanás aparece pela primeira vez no relato da queda de Adão (Gn 3). Ali, no entanto, ele  era o tentador caído que seduziu os primeiros seres humanos ao pecado. Dessa forma, já no início das Escrituras, a queda de Satanás é tratada como fato. Mas, por razões que não são esclarecidas em nenhum lugar, o próprio relato de sua queda está ausente nesse registro.

Ainda assim, o evento é lembrado duas vezes nos escritos dos profetas: por Isaías, em meio a uma inspirada diatribe contra a Babilônia (Is 14.11-23), e, mais tarde, por Ezequiel, quando ele repreende duramente o rei de Tiro (Ez 28.11-19). Essas duas passagens contam-nos a maior parte do que sabemos sobre a queda de Satanás.

Entretanto, aqui temos algumas dificuldades exegéticas. Em ambas as passagens, a menção da rebelião de Lúcifer aparece abruptamente num contexto que não trata, especificamente, de Satanás. Esse fato levou muitos estudiosos da Bíblia a rejeitar a idéia de que as passagens se referem a uma rebelião luciferiana e a insistir que elas focalizam exclusivamente os governantes humanos das nações pagãs às quais são dirigidas.

Apesar disso, é preferível entender que Isaías e Ezequiel propositalmente queriam levar os leitores para além dos crimes de reis humanos, guiando-os até a percepção do grande arquétipo do mal e da rebelião, o próprio Satanás. Essas passagens incluem descrições que, mesmo levando em conta a inclinação ao exagero por parte de governantes da Antiguidade, não poderiam ser atribuídas a qualquer ser humano. O emprego da primeira pessoa do singular (por exemplo: “Eu subirei...”; “exaltarei o meu trono...”; “me assentarei...”) em Isaías 14.13-14 refletiria um nível de ostentação indicativo de insanidade, caso fosse proferido por um mero ser humano, mesmo em se tratando de um dos monarcas pagãos babilônicos, que a si mesmos divinizavam. E qual rei de Tiro poderia ser descrito como “cheio de sabedoria e formosura... Perfeito... nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado...” (Ez 28.12,15)?

Além disso, a Bíblia ensina explicitamente que a perversidade do mundo visível é influenciada e animada por um domínio povoado por espíritos caídos, invisíveis (Dn 10.12-13; Ef 6.12), e que, em sua campanha traiçoeira e condenável de frustrar os propósitos do Deus verdadeiro, esses espíritos maus são dirigidos por Satanás, o “deus deste século” (2 Co 4.4).

É característico dos escritores bíblicos fazer a conexão entre o mundo visível e o invisível, e isso de forma tão abrupta que pega o leitor momentaneamente desprevenido. Quando Pedro expressou seu horror ante o pensamento da morte de Jesus, o Senhor lhe respondeu “Arreda, Satanás!” (Mt 16.23; cf. 4.8-10). De forma semelhante, repentinamente e sem aviso, o profeta Daniel pula de uma descrição profética sobre Antíoco Epifânio (Dn 11.3-35) para uma descrição similar do Anticristo dos tempos do fim (Dn 11.36-45). Antíoco, governante selêucida no período intertestamentário, precede o vilão maior que conturbará a terra nos últimos dias. Um salto abrupto e não-anunciado do mundo político ganancioso, auto-engrandecedor, visível, para o drama arquetípico que se desenrola num mundo invisível aos seres humanos – mas que, apesar de não ser visto, deu origem às atitudes denunciadas nessas passagens –, tal salto não está fora de lugar nas Escrituras.


Finalmente, por trás das conexões feitas nessas duas passagens pode muito bem estar um tema que freqüentemente retorna nas Escrituras. Nos tempos primitivos da Terra após a queda, os rebeldes de Babel estavam determinados a construir “uma cidade e uma torre” (Gn 11.4). A cidade era um centro de atividade comercial, enquanto a torre representava o ponto focal do culto pagão. Essa dupla caracterização do cosmo como expressão de egoísmo (o espírito ganancioso do comercialismo não-santificado) e de rebelião (a busca por ídolos) ressoa ao longo de toda a Palavra de Deus, chegando a um clímax em Apocalipse 17-18, onde anjos que se mantiveram fiéis a Deus anunciam a tão esperada e muito merecida destruição da Babilônia religiosa e comercial.

É instrutivo notar que enquanto todo o trecho de Ezequiel 26-28 repreende severamente a Tiro – o mais importante centro de comércio e de riqueza nos dias desse profeta – Isaías 14 denuncia Babilônia, que representa o centro da falsa religião ao longo de toda a Escritura. Talvez essa caracterização do cosmo caído como “cidade e torre” – tão importante naquilo que a Escritura afirma em relação ao mundo em rebelião contra Deus – ajude a explicar o salto dado pelos profetas nas passagens que consideramos. Quando contemplavam a cultura de seu tempo, que incorporava perfeitamente um elemento do cosmo caído, cada um deles se sentiu compelido pelo Espírito superintendente de Deus a focalizar a rebelião angélica dos tempos primitivos, a qual animava a rebelião humana que estavam denunciando.

Dessa forma, essas duas críticas severas, que identificam os espíritos perversos de cobiça inescrupulosa e rebelião espiritual, ajudam a explicar por que tais espíritos predominam tantas vezes ao longo da história humana. Os textos referidos, ao mesmo tempo, também antecipam a destruição profeticamente narrada em Apocalipse 17 e 18.

A linhagem de Satanás

De Isaías 14 e Ezequiel 28 emerge um quadro relativamente extenso de Satanás antes de sua rebelião.

Sua pessoa: Ele foi o ser mais exaltado de toda a criação (Ez 28.13,15), a mais grandiosa das obras de Deus, um ser celestial radiante, que refletia da maneira mais perfeita o esplendor de seu Criador. Assim, ele apropriadamente era chamado de Lúcifer. Essa palavra vem de uma raiz hebraica que significa “brilhar”, sendo usada unicamente como título para referir-se à estrela de maior brilho e cujo resplendor mais resiste ao nascimento do Sol. O nome Lúcifer tornou-se amplamente usado como título para Satanás antes de sua rebelião porque é o equivalente latino dessa palavra. Na realidade, é difícil saber com certeza se o termo foi empregado com o sentido de nome próprio ou de expressão descritiva.

Seu lugar: Ezequiel afirmou que esse anjo exaltado estava“no Éden, jardim de Deus” (Ez 28.13). Aqui, a referência não é ao Éden terreno que Satanás invadiu para tentar a humanidade, mas à sala do trono em que Deus habita em absoluta majestade e perfeita pureza (veja Is 6; Ez 1). Ezequiel 28 também chama esse lugar de “monte santo de Deus”, onde Lúcifer andava “no brilho das pedras” (v. 14).Essas descrições não são apropriadas ao Éden terreno, mas adequadas à sala do trono de Deus, conforme representações em outros lugares da Escritura.

Sua posição: Satanás é denominado “querubim da guarda ungido” (Ez 28.14). Querubins representam a mais alta graduação da autoridade angélica, sendo seu papel guardar simbolicamente o trono de Deus (compare os querubins esculpidos flanqueando a arca da aliança – o trono de Javé – no Tabernáculo ou Templo, Êx 25.18-22; Hb 9.5; cf. Gn 3.24; Ez 10.1-22). Lúcifer foi ungido (consagrado) por sentença deliberada de Deus (Ez 28.14: “te estabeleci”) para a tarefa indizivelmente santa de guardar o trono do todo-glorioso Criador. Ele é descrito como sendo dotado de beleza inigualável, vestido de luz radiante, equipado com sabedoria e capacidade ilimitadas, mas também criado com o poder de tomar decisões morais reais. Portanto, a obrigação moral mais básica de Satanás era a de permanecer leal a Deus, de lembrar sempre que, independentemente de quão elevada fosse a sua posição, seu estado era o de um ser criado.

A queda de Satanás

Neste ponto, encontramo-nos diante de um dos mais profundos mistérios do universo moral, conforme revelado nas Escrituras: “Como é que o pecado entrou no universo?” Está claro que a entrada do pecado tem conexão com a rebelião de Satanás. Mas, como foi que o impulso perverso surgiu no coração de alguém criado por um Deus perfeitamente santo? Diante de tal enigma, temos de reconhecer que as coisas encobertas de fato pertencem a Deus; as reveladas, no entanto, pertencem a nós (Dt 29.29). E três dessas realidades claramente reveladas merecem ser enfatizadas:

Primeiro: a queda de Lúcifer foi resultado de sua insondável e pervertida determinação de usurpar a glória que pertence unicamente a Deus. Esse fato é explicitado em uma série de cinco afirmações que empregam verbos na primeira pessoa do singular, conforme registradas em Isaías 14.13-14. Nisto consiste a essência do pecado: o desejo e a determinação de viver como se a criatura fosse mais importante que o Criador.

Segundo: Satanás é inteira e exclusivamente responsável por sua escolha perversa. Nisso existe uma dimensão inescrutável. Alguns têm argumentado que Deus deve ter Sua parcela de responsabilidade por este (e todo outro) crime, porque, caso fosse de Seu desejo, poderia ter criado um mundo em que tal rebelião fosse impossível. Outros dizem que, se Deus tivesse criado um mundo em que apenas se pudesse fazer o que o seu Criador quisesse, nele não poderiam ser incluídos agentes morais feitos à imagem de Deus, dotados da capacidade de tomar decisões reais – e, conseqüentemente, de escolher adorar e amar a Deus. Há verdade nessa observação, mas também há mistério. O relato deixa claro que o orgulho fez com que Lúcifer caísse numa terrível armadilha (Is 14.13-14; Ez 28.17; cf. 1 Tm 3.6), mas nada explica como tal orgulho de perdição pode surgir no coração de uma criatura de Deus não caída e perfeita.

No entanto, não há mistério quanto ao fato de que Satanás é, totalmente e com justiça, responsável pelo seu crime. Ezequiel 28.15 afirma explicitamente que Lúcifer era perfeito desde o dia em que foi criado, “até que se achou iniqüidade em ti”. A culpabilidade moral é dele, e apenas dele. Na verdade, em toda sua extensão, a Bíblia afirma que Deus governa soberanamente o universo moral e controla todas as coisas – inclusive a maldade de homens e anjos – para que correspondam aos seus perfeitos propósitos. Mas ela também ensina que Deus não deve e não será responsabilizado por essa maldade, em qualquer sentido.

Finalmente, por causa de sua rebelião, Satanás tornou-se o arquiinimigo de Deus e de tudo o que é divino. Sua queda – bem como a dos espíritos que se uniram a ele – é irreversível; não há esperança de redenção. Satanás foi privado da comunhão com o Deus santo de forma final e irrecuperável. Para ser exato, Satanás ainda tem acesso à sala judicial do trono do Universo por causa de seu papel de acusador dos irmãos, papel este que lhe foi designado divinamente (Jó 1 e 2; Zc 3; Lc 22.31; Ap 12.10). Tal acesso, no entanto, é destituído da comunhão com Deus ou da Sua aceitação. Devido à sua traição, que foi a mais terrível na história do cosmo, Satanás e seus anjos somente podem esperar a condenação e a punição eternas (Mt 25.41)

sábado, 18 de janeiro de 2020

Temperamentos humano

A maioria dos líderes, nas grandes organizações, tem contato com vários temperamentos diferentes. Para avaliar as pessoas e seus temperamentos humanos faz-se uso de tipologias e metodologias, por meio dos treinamentos providos pelas áreas de RH. Se você está no papel de liderar pessoas pode ser extremamente útil identificar esses temperamentos em si mesmo e nos seus liderados. Na Grécia, Hipócrates já analisava as características do homem explicadas pelo “tempero” de diversos elementos, como terra, água, ar e fogo. Mas foi no final do século XIX que Steiner renovou esses conhecimentos sobre temperamentos humanos. Na sua visão, os temperamentos regem os nossos impulsos mais profundos. Devido a isso temos pouco controle sobre ele, ou seja, não se muda o temperamento, apenas se educa a manifestação. Preparamos uma breve introdução sobre temperamentos humanos, suas características, além do comportamento nas organizações e dicas de como lidar com cada um. Ao final desse post, disponibilizamos um teste para que você possa identificar qual é o seu temperamento dominante. Cada pessoa nasce com um temperamento dominante e carrega-o para o resto da vida. Possuímos um temperamento dominante, dois que o acompanham e um que não reconhecemos. Os 4 temperamentos humanos são: colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico.Teste Temperamento Humano

Os 4 Temperamentos  Humanos e suas influências no estilo de liderança

1. Colérico

Associado ao elemento fogo.

Características: excesso de eu, olhos fogosos que faíscam, passos fortes e firmes. Impositivos e com ideias elevadas. Têm certa impulsividade e reatividade, buscam imagem do herói, tomam iniciativa. Comandam e lideram, têm certa dominância e intensidade. Têm senso de justiça forte, e ao mesmo tempo em que sabem punir, também sabem perdoar.

Nas organizações: é muito comum em posições de liderança, vivem na ação, são realizadores, têm iniciativa e não gostam de ouvir. Além disso, são muito motivados pelo desafio.

Como lidar: não confrontar, deixar o “fogo se extinguir”, enfrentar sem brigar, dar tarefas difíceis. Não abaixar o olhar, pois ele perde o respeito. Não levantar a voz, pois ele levantará mais e em pouco tempo estarão gritando. Não ter medo do ataque, pois ele esquece rapidamente. Dar desafios.

2. Sanguíneo

Associado ao elemento ar.

Características: altamente excitáveis, têm olhar inquieto, alegre e atento, andar leve e saltitante. Correm o risco de ser superficiais e nervosos, por lidarem com muitas coisas ao mesmo tempo e se interessarem por tudo, não conseguindo se aprofundar. Possuem certa dificuldade de concretizar e são criativos e flexíveis. Expressam-se bem, mas podem se enrolar. Otimistas, cheios de entusiasmo, pouca força de vontade, e misturam sonho e realidade.

Nas organizações: também são maioria, amigos de todos e gostam de conhecer pessoas. É difícil conflitar com eles, são escorregadios e estão envolvidos em várias coisas ao mesmo tempo. Gostam de mudanças e de inovar.

Como lidar: encontrar o real interesse, ter mão firme com respeito e veneração. Repassar atividades diferentes, dar liberdade para inovar e não repassar tarefas de longo prazo. Fazer acompanhamentos no final.

3. Fleumático

Associado ao elemento água.

Características: têm olhar amigável, mas sem brilho. Expressam satisfação, têm certa comodidade interior e andar arrastado. Prestam atenção nos detalhes e têm prazer na alimentação. Exalam bondade e alegria de viver. Falam pausado e são bons ouvintes. Têm certa tendência ao conservadorismo, dificilmente se expõem e também têm tendência ao sobrepeso.

Nas organizações: sua força está no devagar e sempre. Em crises, mantêm a calma e conseguem seguir a rotina normalmente. Trazem resultados sólidos e consistentes, são bons ouvintes e observadores, e bem humorados. Dão importância aos ritmos do corpo: atrasar refeições os deixa irritados.

Como lidar: criar espaço para falar e espaço de convivência. Não tentar tirá-los do ritmo, apressá-los, pois se atrapalham. Gostam de tarefas programadas e reuniões periódicas agendadas com antecedência. Se tirados do seu centro, podem “explodir” ou ter ataques de fúria.

4. Melancólico

Associado ao elemento terra.

Características: apresentam certa preocupação e possuem expressão séria, de sofrimento. Têm olhos com pouco brilho e são sensíveis. Apresentam andar pausado e vergado para frente. Profundidade e introspecção. Fiéis, sinceros e exigentes consigo mesmos. São de poucos amigos e muito atraídos pela intelectualidade. Além disso, têm dificuldade de aceitar outros pontos de vista.

Nas organizações: são conhecidos pela sua profundidade e por serem muito estudiosos. Em projetos, são bons para avaliar o que pode dar errado (riscos). Fazem diagnósticos profundos e precisos, e são capazes de grades sacrifícios. Se líderes, conseguem identificar todas as inconsistências, e perdem o respeito pelos que erram sempre.

Como lidar: criar obstáculos reais e chamá-los para resolver questões profundas, pois são orientados para o dever. Não tentar alegrá-los, pois não gostam. Também não gostam de trabalhos superficiais e são muito exigentes. Ter um líder melancólico é uma ótima oportunidade de aprendizado, seu trabalho sempre pode ser melhorado.

Contudo, é importante ressaltar que existe uma oposição entre os temperamentos. O Fleumáticoraramente apresenta sinais do temperamento Colérico, e o Sanguíneo e o Melancólico são incompatíveis. No entanto, cada temperamento tem dois companheiros, os quais variam em intensidade e aparência.

Faça agora seu Teste de Temperamento Humano:

Às vezes é difícil identificar o temperamento e se você tem essa dificuldade, é recomendável que procure pelo temperamento que não está presente. A ausência das características de certo temperamento pode indicar que o seu temperamento é exatamente o oposto. Lembrando que o temperamento em si não pode ser mudado, mas a forma como se expressa pode ser educada ao longo da vida.

Como líder, conhecer os temperamentos torna-se importante para gerir melhor as competências e dar feedbacks para que o outro possa atuar sobre seu padrão de ação.

Teste de temperamento


sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Os Cinco Pontos do Arminianismo


por

Duane Edward Spencer

 

Um teólogo holandês chamado Jacob Hermann, que viveu de 1560 a 1609, era melhor conhecido pela forma latinizada de seu último nome, Arminius. Ainda que educado na tradição reformada, ele se inclinou para as doutrinas humanistas de Erasmo, porque tinha sérias dúvidas a respeito da graça soberana (de Deus), como era ensinada pelos reformadores. Seus discípulos, chamados arminianosou sectários de Arminius, disseminaram o ensino de seu mestre. Alguns anos depois da morte de Arminius, eles formularam sua doutrina em cinco pontos principais, conhecidos como Os Cinco Pontos do Arminianismo.

Pelo fato de as igrejas dos Países Baixos, em comum com as principais Igrejas Protestantes da Europa, subscreverem as Doutrinas Reformadas da Bélgica e as Confissões de Heidelberg, os arminianos resolveram fazer uma representação ao Parlamento Holandês. Este protesto contra a Fé Reformada, cuidadosamente escrito, foi submetido ao Estado da Holanda, e, em 1618, um Sínodo Nacional da Igreja reuniu-se em Dort para examinar os ensinos de Arminius à luz das Escrituras. Depois de 154 calorosas sessões, que consumiram sete meses, Os Cinco Pontos do Arminianismo foram considerados contrários ao ensino das Escrituras e declarados heréticos. Ao mesmo tempo, os teólogos reafirmaram a posição sustentada pelos Reformadores Protestantes como consistente com as Escrituras, e formularam aquilo que é hoje conhecido como Os Cinco Pontos do Calvinismo (em honra do grande teólogo francês, João Calvino).

Ao longo dos anos, a estudada resposta do Sínodo de Dort às heresias arminianas tem sido apresentada na forma de um acróstico formado pela palavra TULIP. Daí o nome deste pequeno livro.

Os Cinco Pontos do Calvinismo são:

TTotal DepravityDepravação Total
UUnconditional ElectionEleição Incondicional
LLimited AtonementExpiação Limitada
IIrresistible GraceGraça Irresistível
PPerseverance of SaintsPerseverança dos Santos


Uma vez que vamos examinar, pormenorizadamente, aquilo que os teólogos reformados de Dort querem dizer com os Cinco Pontos cio Calvinismo, retro referidos, consideremos primeiro, sumariamente, os Cinco Pontos do Arminianismo.

1.VONTADE LIVRE : O primeiro ponto do arminianismo sustenta que o homem é dotado de vontade livre.

1.1. Os reformadores reconhecem que o homem foi dotado de vontade livre, mas concordam com a tese de Lutero — defendida em sua obra “A Escravidão da Vontade” —, de que o homem não está livre da escravidão a Satanás.

1.2. Arminius acreditava que a queda do homem não foi total, e sustentou que, no homem, restou bem suficientemente capaz de habilitá-lo a querer aceitar Cristo como Salvador.

2.ELEIÇÃO CONDICIONAL

2.1. Arminius ensinava também que a eleição estava baseada no pré-conhecimento de Deus em relação àquele que deve crer.

2.2. Em outras palavras, o ato de fé, por parte do homem, é a condição para ele ser eleito para a vida eterna, uma vez que Deus previu que ele exerceria livremente sua vontade, num ato de volição positiva para com Cristo.

3.EXPIAÇÃO UNIVERSAL

3.1. Conquanto a convicção posterior de Arminius fosse a de que Deus ama a todos, de que Cristo morreu por todos e de que o Pai não quer que ninguém se perca, ele e seus seguidores sustentam que a redenção (usada casualmente como sinônimo de expiação) é geral. Em outras palavras:

3.2. A morte de Cristo oferece a Deus base para salvar a todos os homens.

3.3. Contudo, cada homem deve exercer sua livre vontade para aceitar a Cristo.

4.A GRAÇA PODE SER IMPEDIDA

4.1. O arminiano, em seguida, crê que uma vez que Deus quer que todos os homens sejam salvos, ele envia seu Santo Espírito para atrair todos os homens a Cristo.

4.2. Contudo, desde que o homem goza de vontade livre absoluta, ele pode resistir à vontade de Deus em relação a sua própria vida. (A ordem arminiana sustenta que, primeiro, o homem exerce sua própria vontade e só depois nasce de novo.)

4.3. Ainda que o arminiano creia que Deus é onipotente, insiste em que a vontade de Deus, em salvar a todos os homens, pode ser frustrada pela finita vontade do homem como indivíduo.

5.O HOMEM PODE CAIR DA GRAÇA

5.1. O quinto ponto do arminianismo é a conseqüência lógica das precedentes posições de seu sistema.
5.2. O homem não pode continuar na salvação, a menos que continue a querer ser salvo.

 

O CONTRASTE

Quando contrastamos estes Cinco Pontos do Arminianismo com o acróstico TULIP, que forma os Cinco Pontos do Calvinismo, torna-se claro que os cinco pontos deste são diametralmente opostos aos daquele. Para que possamos ver claramente as “linhas de batalha” traçadas pelas afiadas mentes de ambos os lados, comecemos por fazer um breve contraste entre as duas posições à base de ponto por ponto.

PONTO 1

1.1.O arminianismo diz que a vontade do homem é ‘livre’ para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé.

1.2.O calvinismo responde que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.

PONTO 2

2.1.Arminius sustentava que a ‘eleição’ é condicional, enquanto os reformadores sustentavam que ela é incondicional. Os arminianos acreditam que Deus elegeu àqueles a quem ‘pré-conheceu’, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem.

2.2 Os calvinistas sustentam que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.

2.3 Dever-se-á notar ainda que a segunda posição de cada um destes partidos (arminianos e calvinistas) é expressão natural de suas respectivas doutrinas a respeito do homem. Se o homem tem “vontade livre”, e não é escravo nem de Satanás nem do pecado, então ele é capaz de criar a condição pela qual Deus pode elegê-lo e salvá-lo. Contudo, se o homem não tem vontade livre, mas, em sua atual situação, é escravo de Satanás e do pecado, então sua única esperança é que Deus o tenha escolhido por sua livre vontade e o tenha elegido para a
salvação.

PONTO 3

Os arminianos insistem em que a expiação (e, por esta palavra, eles significam ‘redenção’) é universal. Os calvinistas, por sua vez, insistem em que a Redenção é parcial, isto é, a Expiação Limitada é feita por Cristo na cruz.

3.1. Segundo o arminianismo, Cristo morreu para salvar não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não a querem aceitar, irão para o inferno.

3.2. Para o calvinismo, Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno.

PONTO 4

4.1.Os arminianos afirmam que, ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, ‘permite’ ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden].

4.2. Os calvinistas respondem que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os espíritos mortos (alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida. 
No momento em que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.

É neste ponto que aparece outra grande diferença entre a teologia arminiana e a teologia calvinista. Para os calvinistas, a ordem é: primeiro o dom da vida, por parte de Deus; e, depois, a fé salvadora, por parte do homem.

PONTO 5

511. Os arminianos concluem, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” — pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo.) Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua contínua volição positiva até à morte!

5.2. Os calvinistas sustentam muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor — e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” —, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos Santos.

 


Fonte: TULIP – Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras

domingo, 12 de janeiro de 2020

Código de Hamurabi

Código de Hamurabi

Hamurabi nasceu supostamente por volta de 1810 a.C. e morreu em 1750 a.C., foi o sexto rei da primeira dinastia babilônica dos Amoritas e o fundador do 1º Império Babilônico, unificando amplamente o mundo mesopotâmico, unindo os sumérios e os semitas e conduzindo a Babilônia ao máximo esplendor.

Seu nome permanece diretamente ligado a um dos mais importantes códigos jurídicos da antiguidade: o Código de Hamurabi. Pouco depois de ascender ao trono, o jovem soberano deu início à fusão de semitas e sumérios em uma unidade política e civil, imposta não só pelas armas, mas também pela ação administrativa e pacificadora, desta forma conquistando, através de acordos e guerras, quase toda Mesopotâmia. 

Como legislador consolidou a tradição jurídica, harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos. Como administrador, cercou a capital com muralhas, restaurou os templos mais importantes e instituiu impostos e tributos em benefício das obras públicas, retificou o leito do rio Eufrates, construiu novos e manteve antigos canais de irrigação e navegação, dando impulso à agricultura e o comércio na planície mesopotâmica. Aos povos conquistados, permitiu o culto da religião local, enquanto reconstruía suas cidades e adornava seus templos. Inseriu a noção de direito e comandou o território sob o seu poder. Foi o autor de um famoso código penal, o mais antigo da história, que leva seu nome. 
O Código de Hamurabi estabelecia regras de vida e de propriedade, estendendo a lei a todos os súditos do império. Seu texto contendo 282 princípios foi reencontrado em Susa (1901-1902), por uma delegação francesa na Pérsia, sob a direção de Jacques de Morgan, sob as ruínas da acrópole de Susa, e transportado para o Museu do Louvre, Paris. Consiste de um monumento em forma de cone talhado em rocha de diorito, em pedra negra de 2,25m de altura, 1,60m de circunferência na parte superior e 1,90m de base. A superfície está coberta por um denso texto que  se dispõem 46 colunas de escrita cuneiforme acádica.

No alto do monumento, Hamurabi recebe de Shamash, deus dos oráculos, as leis da equidade da justiça, dispostas em 46 colunas de 3.600 linhas. Nele estão codificadas as leis de seu tempo, de um reino de cidades unificadas, um agrupamento de disposições casuísticas, de ordem civil, penal e administrativa. Determinava penas para as infrações, baseadas na lei de talião: olho por olho, dente por dente,  sangue por sangue, carne por carne e da ordália (julgamento divino).

Algumas leis que constam no Código de Hamurabi:
“1 – Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então aquele que enganou deve ser condenado à morte,

14 – Se alguém roubar o filho menor de outrem, este alguém deve ser condenado à morte,

21 – Se alguém arrombar uma casa, ele deverá ser condenado à morte na frente do local do arrombamento e ser enterrado,

48 – Se alguém tiver um débito de empréstimo e uma tempestade prostrar os grãos ou a colheita for ruim, ou os grãos não crescerem por falta d’água, naquele ano a pessoa não precisa dar ao seu credor dinheiro algum. Ele deve lavar sua tábua de débito na água e não pagar aluguel naquele ano,

129 – Se a esposa de alguém for surpreendida em flagrante com outro homem, ambos devem ser amarrados e jogados dentro d’ água, mas o marido pode perdoar a sua esposa, assim como o rei perdoa a seus escravos,

138 – Se um homem quiser se separar e sua esposa que lhe deu filhos, ele deve dar a ela a quantia do preço que pagou por ela e o dote que ela trouxe da casa de seu pai, e deixá-la partir,

194 – Se alguém der seu filho para uma ama e a criança morrer nas mãos desta ama, mas a ama, com o desconhecimento do pai e da mãe, cuidar de outra criança, então eles devem acusá-la de estar cuidando de uma outra criança sem o consentimento do pai e da mãe. O castigo desta mulher será ter os seus seios cortados”
Material de apoio Revista História Viva, n.º 50

Levirato

A lei do levirato regulamentava o casamento entre uma viúva e o irmão de seu marido. O termo “levirato” tem origem no latim levir, que significa “irmão do marido”. O casamento levirato tinha o objetivo de preservar a descendência de um homem casado.

Caso um homem falecesse sem ter gerado um filho com sua esposa, seu irmão solteiro deveria casar-se com a cunhada viúva. Em algumas ocasiões, na ausência de um irmão disponível, um parente próximo poderia casar-se com a mulher viúva.

O primeiro filho do novo casal seria então considerado legalmente filho do homem falecido, incluindo as questões relacionadas à herança. Desta forma, a lei do levirato era aplicada para zelar pela linhagem de um homem, protegendo a continuidade de seu nome e sua herança.

Desde muito cedo já se tem notícias do casamento levirato como um costume no antigo Oriente Próximo. Portanto, o casamento levirato não era apenas uma prática dos hebreus, mas também de outros povos. Há inscrições antigas que provam, por exemplo, a prática do casamento levirato na Assíria.

A lei do levirato na Bíblia

No período patriarcal já ocorria o casamento de uma viúva sem filhos com o irmão de seu marido (cf. Gênesis 38:8). Mais tarde, o casamento levirato foi incorporado e regulamentado na Lei de Moisés (Deuteronômio 25:5-10).

A desobediência à lei do levirato era considerada um delito grave. Um homem até poderia se recusar a se casar com sua cunhada viúva, mas ele seria exposto à execração pública.

Já a obediência parcial, quando o homem casava-se com a viúva, mas se recusava a gerar um filho com ela que garantisse a linhagem do primeiro marido falecido, era castigada com a morte. Um exemplo disto pode ser visto no caso de Onã. Ele casou-se com sua cunhada viúva, mas não queria “dar descendência a seu irmão” (Gênesis 38:9).

O casamento levirato em Rute

O livro de Rute mostra em detalhes a aplicação da lei do levirato e ainda indica que essa lei estendia-se para além do irmão do marido morto. Rute havia ficado viúva sem que tivesse gerado um filho de seu marido. Ela também não dispunha de um cunhado elegível para cumprir o casamento levirato.

Então a oportunidade de casar-se com Rute foi oferecida ao parente mais próximo de seu marido falecido. Quando esse parente próximo se recusou a redimir Rute, o direito passou a Boaz. Portanto, o casamento Rute e Boaz foi celebrado sob a lei do levirato.

Proibição do casamento levirato

Contudo, o casamento levirato só poderia ocorrer depois da morte do primeiro marido que não deixou filhos. Caso contrário, era expressamente proibido que um homem se casasse com sua cunhada (Levítico 18:16; 20:21).

Herodes Antipas foi um que cometeu esse pecado, e por isto foi denunciado por João Batista (cf. Mateus 14:3,4). Não é possível saber até que ponto a lei do levirato estava sendo obedecida nos dias do Novo Testamento.

Os saduceus, por exemplo, tentaram ridicularizar a doutrina da ressurreição e desacreditar o ensino do Senhor Jesus com base na lei do levirato (Mateus 22:23-30). Mas Jesus lhes provou que eles estavam errados, pois não conheciam as Escrituras e nem a Deus. Jesus ensinou que após a ressurreição não haverá casamento.

Poligamia x monogamia

A poligamia na Bíblia é um assunto que desperta muita curiosidade e dúvida nas pessoas. A poligamia é a prática de se ter mais de uma esposa ou marido dentro de um casamento.

Sabemos que muitos personagens bíblicos tiveram mais de uma mulher, e diante disto, geralmente surgem algumas perguntas: O que é a poligamia? Como entender a poligamia na Bíblia? Por que Deus permitiu a poligamia? Por que homens piedosos tiveram mais de uma mulher na Bíblia?

A poligamia no Antigo Testamento

A poligamia era praticada nos tempos do Antigo Testamento, inclusive por homens tementes a Deus. No entanto, o primeiro caso de poligamia registrado na Bíblia foi com a pessoa do impiedoso Lameque, descendente de Caim (Gênesis 4:19).

O importante patriarca Abraão também praticou a poligamia (Gênesis 16:1-3; 25:1-6), assim como seus netos, Esaú e Jacó (Gênesis 26:34,35; 28:9; Gênesis 29:21-35). Nos tempos dos juízes de Israel, o notável Gideão foi poligâmico (Juízes 8:30), enquanto que o pai do profeta Samuel também possuía duas esposa: Ana e Penina (1 Samuel 1:1,2).

No período da monarquia, a poligamia também caracterizou o casamento de muitos reis. Durante esse período, obviamente os casos que mais chamam a atenção são: o rei Davi, com várias esposas e concubinas (1 Samuel 25:40-43; 2 Samuel 3:2-5; 5:13; 2 Crônicas 14:3); e o rei Salomão, que teve setecentas esposas e trezentas concubinas (1 Reis 3:1; 11:1-3).

Também é verdade que a Lei Mosaica não proibia a poligamia, mas a regulamentava (Êxodo 21:10). Tal regulamentação tinha por objetivo proteger os direitos e a dignidade das esposas e dos filhos gerados por elas, e desencorajar os homens a terem haréns (Deuteronômio 17:17; 21:15-17; 1 Reis 11:3).

Além disso, dentro da Lei, a poligamia também não era interpretada como uma violação do mandamento que proíbe o adultério (Êxodo 20:14; cf. Gênesis 39:9). Sob este aspecto, o adultério consistia no ato de tomar a mulher de outro homem, mas não de possuir para si mais de uma mulher legitima.

Por que a poligamia era praticada?

Em linhas gerais, a poligamia era praticada com base em diferentes motivações. Os reis geralmente praticavam poligamia para estabelecer alianças políticas, como aconteceu com o rei Salomão ao se casar com a filha de Faraó, e rei Acabe ao se casar com a princesa Jezabel (1 Reis 3:1; 16:31).

Outras vezes a poligamia era praticada para aumentar a descendência de um homem. Naquela época quanto mais filhos um homem tivesse melhor seria, especialmente por causa das constantes guerras que aumentam em muito as taxas de mortalidade (cf. Juízes 8:30; 1 Crônicas 7:4).

Ainda com base nesta questão da descendência, muitas vezes um homem também recorria a uma segunda esposa por causa da esterilidade de sua primeira mulher. Finalmente, havia também aqueles que se casavam com outras mulheres por sentimento ou por algum tipo de paixão.

Por que Deus permitiu a Poligamia?

Primeiramente é importante entender que a poligamia nunca foi a intenção original de Deus para o relacionamento conjugal.Quando Deus uniu Adão e Eva, Ele foi muito claro ao dizer: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gênesis 2:24).

Observe o uso do singular nesta frase, ou seja, o homem deve se apegar “à sua mulher”para com ela formar uma só carne, e não “às suas mulheres”, ou seja, Deus deu a Adão uma única esposa, não várias esposas.

Além disso, como foi dito, o primeiro exemplo de poligamia na Bíblia ocorreu com Lameque, um homem ímpio e depravado, após a Queda do Homem. Isto significa que antes da origem do pecado na humanidade, não havia a poligamia, e, portanto, tal prática teve origem na corrupção da natureza humana.

Também não há nenhuma passagem bíblica que coloque a poligamia como regra para um relacionamento conjugal ao lado da monogamia, ao contrário, a poligamia sempre é retratada como uma exceção. Portanto, sempre é o casamento monogâmico que aparece como o padrão a ser adotado (Provérbios 5:15-20; 12:4; 19:14). Sob este aspecto, a monogamia no casamento também foi utilizada pelos profetas como figura do relacionamento entre Deus e seu povo escolhido (Isaías 54:1-8; Jeremias 2:1,2; 3:20).

Diante de tudo isto, a melhor maneira de tratar este assunto é entender que Deus jamais aprovou a poligamia, mas apenas tolerou e permitiu tal prática como uma medida temporária por causa da dureza do coração pecaminoso do homem.

Então muitas especulações têm sido levantadas para tentar explicar o porquê de Deus ter tolerado a poligamia. As principais delas apontam para o fato de que naquela época uma mulher que não tivesse um marido estava completamente desamparada. Inclusive, muitas delas, acabavam recorrendo à prostituição como meio de sobrevivência.

Combinado a isto, também é verdade que a população de homens era muito menor que a população de mulheres. Os homens estavam constantemente envolvidos em guerras, e rotineiramente muitas mulheres acabam tornando-se viúvas.

Portanto, devido a uma sociedade corrompida pelo pecado e envolvida em diversas limitações, Deus parece ter tolerado a poligamia e permitido uma regulamentação na Lei nesse sentido, especialmente em misericórdia às mulheres e seus filhos, a fim de protegê-las de uma situação ainda pior resultante da depravação total da humanidade.

A poligamia ainda é aceitável? O que o Novo Testamento diz?

Não, a poligamia não é aceitável! Mesmo no período da Antiga Dispensação quando os casamentos poligâmicos eram tolerados por Deus, as Escrituras retratam de forma bastante clara suas terríveis consequências, que destroem a unidade e harmonia familiar e podem até levar seus envolvidos à ruína (Gênesis 16:4; 29:30; 30:1-26; 1 Samuel 1:5-8; 2 Crônicas 11:21).

Já na época do Novo Testamento, o próprio Jesus apontou para o casamento monogâmico como sendo o padrão original de Deus para o matrimônio, e que qualquer comportamento contrário a isto, é resultado da dureza do coração do homem (Mateus 19:1-9).

No período apostólico, a Igreja Primitiva já havia entendido que a monogamia, e não a poligamia, era o tipo de relacionamento conjugal que Deus desejava para seu povo (1 Coríntios 7:1-2). Aos líderes das comunidades cristãs, foi dada a recomendação explicita de que deviam ser “marido de uma só mulher” (1 Timóteo 3:2-12; Tito 1:3-5).

Outra passagem que claramente aponta para a importância da monogamia no casamento é a comparação que o apóstolo Paulo faz entre o casamento monogâmico e o relacionamento de Cristo e sua Igreja (Efésios 5:22,23). Cristo tem uma só esposa, a Igreja, e a Igreja um só esposo, Cristo.

Também não se deve esquecer que a poligamia, quando tolerada pelo Senhor, estava inclusa no contexto da Antiga Dispensação, onde, de acordo com a revelação progressiva de Deus, muita coisa foi permitida, mas quando Cristo se manifestou trazendo a Nova Dispensação, tais coisas foram abolidas, e o que era temporário e imperfeito deu lugar ao que é permanente e perfeito, de modo que o próprio Cristo revela o propósito pleno de Deus para seu povo.

Portanto, mesmo não encontrando uma proibição explicita de Deus contra a poligamia na Bíblia, nitidamente é possível perceber que o relacionamento poligâmico é uma distorção do propósito original de Deus para o casamento, e é resultante da natureza pecaminosa do homem, causando-lhe terríveis consequências e grandes sofrimentos.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Estudo Bíblia Atos 16, 16 ,a 31


Atos 16:16-31


(Atos 16:16) - E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. (Atos 16:17) - Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. (Atos 16:18) - E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu. (Atos 16:19) - E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas, e os levaram à praça, à presença dos magistrados. (Atos 16:20) - E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade, (Atos 16:21) - E nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos. (Atos 16:22) - E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas. (Atos 16:23) - E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. (Atos 16:24) - O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco. (Atos 16:25) - E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. (Atos 16:26) - E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos. (Atos 16:27) - E, acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada, e quis matar-se, cuidando que os presos já tinham fugido. (Atos 16:28) - Mas Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos. (Atos 16:29) - E, pedindo luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas. (Atos 16:30) - E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? (Atos 16:31) - E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.

Estudo da Palavra 

1º (Atos 16:16) - Uma jovem com espírito de adivinhação (isso é um espírito imundo) ela era usada pelo espírito e pelos gananciosos que se aproveitavam para ganhar dinheiro.

2º (Atos 16:17-19) - O Servo de Deus tem que ter disernimento de espíritos para saber quando vem de Deus, quando vem da carne (motivação do próprio homem) ou quando vem de espíritos imundos.

3º (Atos 16:19-26) - Paulo expulsou os demônios em Nome de Jesus da moça. Desagradou os que ganhavam dinheiro as custas dela, então fizeram complô contra Paulo e Silas os quais foram torturados, humilhados e presos com os pés amarrados. Mas isso não fez com eles perdessem a Fé, não murmuraram, e sim Oraram e Louvaram e os outros presos escutavam.

Atenção: Assim como Paulo e Silas o servo de Deus não reclama, ele pode está na situação mais delicada mas não perde sua Fé e em qualquer lugar o Servo de Deus tem que ser benção pra outras pessoas, tem que transmitir Paz, Segurança.

4º (Atos 16:26) As vezes tem situações em que você acha que não tem saída, e você ora, louva mas acha que Deus não está nem ouvindo você, porque você se acha inferior a todo mundo talvez pela situação delicada em que se encontra. Mas Deus está te ouvindo e Ele se agrada de você, do seu louvor, de sua oração e quando você menos esperar Ele responderá. Porque pra Deus não tem prisão que Ele não possa abrir, não tem grilhões que Ele não possa quebrar, não tem doença que Ele não possa sarar.

...e foram soltas as prisões de todos(Atos 16:26).

Atenção: Por causa de você outras pessoas serão beneficiadas.

(Atos 16:27-31) Creio que não só o carcereiro mas vários se converteram dos que estavam presos. E ouve festa no céu por isso.

(Lucas 5:32) - Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.

(Lucas 15:10) - Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Metado de Ensino Judaico


Figura de linguagem

Figuras de Linguagem Márcia Fernandes   Professora licenciada em Letras Figuras de Linguagem , também chamadas de  figuras de estilo , são r...